Por Bruno Oliveira
Há pessoas que o tempo passa, mas o coração insiste em não deixar ir embora. E uma dessas pessoas foi seu João Costa Maciel, nascido em 11 de julho de 1945 e falecido em 2 de abril de 2019.
Mais uma vez, me vejo aqui parado no tempo, escrevendo sobre alguém que marcou a minha vida e a de muita gente da nossa cidade. Seu João foi, para mim, desde a infância, um exemplo de homem, de pai e de fé. Nesta coluna, costumo relembrar pessoas que jamais poderiam cair no esquecimento, e ele é, sem dúvida, uma delas.
Falar sobre seu João é fácil, mas escrever é difícil, porque junto das lembranças vêm as emoções. Quem me conhece sabe: desde os seis anos fui coroinha na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Parto. E se tem uma figura que era quase um símbolo daquela igreja, era ele.
Seu João Costa era como uma pedra fundamental da nossa paróquia — participou da construção, da reconstrução, das melhorias, da casa paroquial… e, principalmente, serviu com amor como ministro extraordinário da comunhão.
Ele não faltava uma missa sequer. Eu tinha a certeza de que, em qualquer celebração, lá estariam o padre e seu João Costa. E se por acaso faltasse um coroinha, lá estava ele — servindo no altar com a mesma dedicação de um menino, com o mesmo amor de sempre.
Mas o serviço dele não se limitava às celebrações. Seu João visitava os doentes, levava a comunhão, acompanhava velórios, e fazia tudo com um coração disposto. Ele entendia que ser ministro era mais do que uma função: era uma missão de vida.
Entre tantas lembranças bonitas, há uma que guardo como um tesouro. Em 2013, eu me preparava para viajar ao Rio de Janeiro, para participar da Jornada Mundial da Juventude. Estava na sacristia quando seu João me chamou e disse:
“Meu filho, eu sei que você vai viajar e não tenho como ajudar muito, mas está aqui um dinheirinho pra você comprar um refrigerante no Rio, que eu sei que lá é tudo mais caro.”
Na hora, eu ri, agradeci, guardei o dinheiro — e confesso que até embrulhei pra não perder. Hoje, escrevendo isso, meus olhos se enchem de lágrimas. Porque o valor era o de menos. O que importava era o gesto, o cuidado, a vontade de ajudar, de participar da minha alegria.
Talvez eu nunca tenha contado isso nem mesmo aos filhos, mas agora eu compartilho: esse era seu João Costa — um homem simples, honesto, de palavra, que espalhava bondade por onde passava.
Seu João construiu a vida com trabalho, fé e o apoio da família. E aqui deixo uma promessa: um dia ainda vou escrever sobre sua esposa, uma mulher de alma forte e coração bom, que também deixou um legado bonito e partiu deixando saudade.
Quando ela faleceu, eu vi de perto o quanto o amor deles era verdadeiro. O quanto doía nele a ausência dela. Foi difícil de ver, difícil de entender. Ele ficou profundamente abalado, tentando buscar respostas, tentando lidar com a dor. E ali eu entendi o que é um amor que vai além do “eu te amo” — um amor que se traduz em silêncio, em fé, em saudade.
Escrever sobre seu João é mais do que relembrar uma pessoa querida. É preservar a memória de um homem que viveu com fé, que serviu com amor e que deixou uma marca bonita na história da nossa igreja e da nossa cidade.
Que Deus o tenha em um lugar santo, porque sua vida, seu exemplo e sua fé continuam vivos em mim e em todos que tiveram a graça de conhecê-lo.









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