A trajetória das mulheres na Câmara Municipal de Buenos Aires ganhou um novo capítulo histórico. Após décadas de predominância masculina, o parlamento vem consolidando, nos últimos anos, avanços importantes na representatividade feminina.
A primeira mulher a romper essa barreira foi Helena de Holanda Silva, que presidiu a Casa entre 1993 e 1996, tornando-se a primeira presidente da história do município. Helena faleceu em 2020, aos 78 anos, deixando um legado pioneiro. Anos depois, a segunda mulher a ocupar uma cadeira na Casa Ruy Barbosa foi Jane do Leite, que exerceu dois mandatos — o primeiro por eleição direta e o segundo como suplente, assumindo a vaga deixada pelo vereador João Targino, que faleceu durante o exercício do cargo.
Na sequência, Jô de Chico tornou-se a terceira mulher a integrar o parlamento, atuando na mesma bancada de Jane. Já em 2024, outras duas mulheres passaram a compor a Câmara: Neuza Cavalcante e Cleide Enfermeira, que concorreu à primeira secretaria da Casa. Em anos anteriores, o legislativo chegou, inclusive, a ser formado exclusivamente por homens.
O momento mais simbólico desse processo ocorreu na última quinta-feira, quando a mesa diretora foi composta apenas por mulheres pela primeira vez na história. A formação excepcional aconteceu devido à ausência do vereador Sil (PODEMOS). A presidente Jô de Chico (PSD) conduziu os trabalhos ao lado de Neuza (PSB), já integrante da mesa, e de Cleide de Olinda (PP), que assumiu temporariamente a cadeira de Sil.
Mais do que um fato ocasional, a cena refletiu a força de trajetórias que desafiaram preconceitos e abriram caminhos dentro da política local. Cada uma das vereadoras carrega uma história construída com persistência, enfrentamentos e conquistas. Ver o comando da sessão nas mãos de três mulheres foi mais do que representativo: foi inspirador.
Em um ambiente historicamente dominado por homens, a presença feminina à frente da mesa diretora reafirmou que a política também pertence às mulheres — e que suas vozes têm papel essencial na vida pública.
A sessão terminou, mas o significado permanece: Buenos Aires registrou um marco de coragem, ocupação de espaços e transformação, que certamente ecoará nas próximas gerações.










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