Por Bruno Oliveira
Costumo dizer que em toda história existem três versões: a minha, a do outro e a verdade. Essa reflexão voltou à tona recentemente, após acompanhar uma situação que me chamou bastante atenção.
Primeiro ponto: para qualquer acusação, é necessário que exista prova concreta, clara e apresentada. Sem isso, abre-se espaço para julgamentos precipitados. Segundo: na dúvida, não se pune ou cancela com as próprias mãos. Terceiro: vivemos em sociedade, e por isso existem autoridades competentes para tratar de questões dessa natureza — é papel da lei e da justiça, não do tribunal popular.
É crime criar perfis falsos para espalhar ódio, mentiras e notícias falsas. Da mesma forma, também é crime querer fazer justiça com as próprias mãos. A ideia de não acionar as autoridades competentes me angustia profundamente, porque esse comportamento remete a práticas antigas, coronelistas, quase como os tempos do velho faroeste, onde a coação substituía o devido processo legal.
O risco da exposição e da apelação pública é a chamada “linchagem virtual”. Basta um impulso de fúria coletiva para que uma família inteira seja arrastada para um cenário de julgamentos sem defesa, sem equilíbrio e sem racionalidade. Poucos param para pensar no tamanho do prejuízo que isso pode causar a terceiros. É como usar o mal para alimentar ainda mais maldade.
E qual a lição que tiramos disso? Que é possível — e necessário — denunciar e cobrar, mas sempre pelos caminhos certos. A justiça existe para apurar, responsabilizar e, quando for o caso, punir. Cabe a ela julgar, não ao tribunal popular da internet.
Esse não é um espetáculo teatral, tampouco um palco para disputas. É sobre pessoas reais, sobre erros que podem ser reconhecidos e arrependimentos que podem transformar vidas. O limite da lei e da justiça existe.









Deixe um comentário